Antibióticos e seus efeitos colaterais

Antibióticos podem trazer efeitos colaterais piores do que a doença que combatem e seu uso inadequado pode trazer reações severas na saúde


Antibióticos são medicamentos importantes, que restabelecem a saúde e salvam vidas. Mas como qualquer remédio, eles podem causar efeitos colaterais indesejados e extremamente sérios, alguns dos quais podem surgir somente bem depois do tratamento.

Esse é o caso de uma importante classe de antibióticos conhecidos como fluoroquinolonas. Os mais conhecidos são o Cipro (ciprofloxacina), o Levaquin (levofloxacina) e o Avelox (moxifloxacina).

Em 2010, o Levaquin era o antibiótico mais vendido dos Estados Unidos. Mas, no ano passado, ele também foi alvo de mais de 2.000 processos de pacientes que sofreram reações severas após se submeterem ao tratamento.

Parte do problema ocorre pelo fato de que as fluroquinolonas são prescritas de forma inapropriada: São prescritos com frequência para combater sinusites, bronquites, e outras doenças que poderiam sarar sozinhas, ou que poderiam ser tratadas com medicamentos menos potentes. Ou ainda, são prescritos para doenças que são causadas por vírus, e que não são suscetíveis aos antibióticos.

Mahyar Etminan, epidemiologista farmacológico da Universidade de Columbia Britânica, afirmou que os medicamentos eram utilizados em excesso "por médicos preguiçosos que querem matar moscas com submetralhadoras".

Lloyd Balch, de 33 anos, gestor de websites no City College de Nova York, afirmou que estava saudável até o dia 20 de abril, quando uma febre seguida de tosse o levou ao médico. O médico não ouviu nada de estranho pelo estetoscópio mas, ainda assim, receitou Levaquin após um exame de raios-X do peito que indicou uma pequena pneumonia. O paciente já havia escutado sobre os problemas com o Levaquin e perguntou ao médico se havia a possibilidade de tomar outro antibiótico, mas foi informado de que o Levaquin seria o medicamento recomendado.

Depois de apenas uma dose, ele passou a sentir dor e fraqueza generalizada. Ele ligou para o laboratório e comunicou a reação adversa, mas foi informado de que deveria continuar com a próxima dose. Mas a pílula seguinte quase o "virou do avesso", causando dores em todas as juntas e problemas de visão.

Efeitos colaterais

Além de não conseguir subir ladeiras e escadas, nem ver com clareza, os sintomas incluíam olhos, boca e pele ressecados; zumbidos nos ouvidos; uma tremedeira incontrolável; queimação nos olhos e pés; palpitações; espasmos musculares nas costas e em torno dos olhos.

Durante uma consulta com o Dr. David Flockhart, especialista nos efeitos colaterais da fluoroquinolonas na Faculdade de Medicina da Universidade de Indiana, Balch foi informado de que poderia demorar um ano até que os sintomas diminuíssem, e que não há garantias de que eles desapareceriam por completo.


Reações adversas a fluoroquinolonas podem ocorrer em quase qualquer parte do corpo. Além dos ocasionais efeitos colaterais nos sistemas renal, visual e musculoesquelético, em raras ocasiões o medicamento pode causar danos graves ao sistema nervoso central (causando confusão mental, depressão, alucinações e reações psicóticas), ao coração, fígado e pele (machucados dolorosos e que deixam cicatrizes), ao sistema gastrointestinal, à audição e ao metabolismo do açúcar no sangue. Também existe uma relação com a tendinite e o rompimento de tendões, além da capacidade do medicamento de bloquear atividades neuromusculares.


Faltam estudos de longo prazo a respeito dos efeitos colaterais destes medicamentos.


Especialistas alertam contra a prescrição desse tipo de medicamento a pacientes com riscos de reações adversas maiores que a média – crianças com menos de 18 anos, adultos maiores de 60, grávidas e lactantes – a menos que não existam alternativas viáveis. O risco de reações adversas também é mais alto entre pessoas com problemas renais e pessoas que tomam corticoides ou medicamentos anti-inflamatórios não esteroides.

Quando o antibiótico é corretamente prescrito, é fundamental utilizá-lo exatamente como indicado pelo médico, nunca parando o tratamento a partir do momento que o paciente se sente melhor.

(Jane E. Brody para o The New York Times)

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